EDUCAÇÃO - O Brasil aquém das metas

As metas que foram estabelecidas indicavam que agora, em 2015, tivesse havido avanços em pelo menos seis itens. Na expansão da educação e os cuidados na primeira infância, especialmente para as crianças mais vulneráveis, segundo a Unesco, o Brasil não atingiu essa meta. Já em relação à chamada educação primária, alcançando a universalização, particularmente para meninas, minorias étnicas e crianças marginalizadas, objetivo que foi alcançado por 42% dos países, entre eles o Brasil. Outro avanço, bastante significativo, alcançado pelo Brasil, é a paridade e a igualdade de gênero, tanto no Ensino Fundamental como no Ensino Médio. A Unesco diz que 69% dos países atingiram tal meta na chamada educação primária e 48% no Ensino Médio. Aqui o Brasil atingiu a meta. Entretanto, no objetivo de garantir acesso igualitário de jovens e adultos à aprendizagem e a habilidades para a vida, a Unesco diz que 46% dos países atingiram. O Brasil não. Nosso país também não conseguiu alcançar a meta estabelecida em 2000, a redução de 50% nos níveis de analfabetismo de adultos até 2015. Item que apenas 25% dos países atingiram. Ao estabelecer as metas houve olhar além do quantitativo. A qualidade da educação com garantia de resultados mensuráveis de aprendizagem qualificada para todos, parte das metas que o Brasil não atingiu. A qualidade, um tema complexo, é pauta permanente no vasto temário da educação brasileira.
Enfim, são preocupantes as notícias de que o Brasil atingiu apenas duas das seis metas estabelecidas em 2000. Se há o fator positivo da superação do desafio do acesso universal para crianças, jovens e adultos, à educação básica inicial, há um desafio da maior relevância a ser alcançado até 2016, também universalizar o acesso para o Ensino Médio. E para que a universalização, tanto a alcançada como a que está pautada, não seja apenas nominal, é preciso analisar de forma realista as condições de manutenção do acesso. A evasão escolar é um fator relevante. E se relaciona com as reais condições de oferta desse ensino, sobretudo nas escolas públicas, espaço de grande importância para consolidar a universalização do acesso e, consequentemente, com papel fundamental na sustentação desse processo. Outro fator de impacto na evasão escolar está no campo da desigualdade social. É lamentável a queda progressiva da oferta de ensino público noturno, afetando o aluno que precisa trabalhar, por exemplo. Decisão muitas vezes efetivada apenas por fatores economicistas, sem a devida análise do grave impacto social que causa. A Constituição em vigor estabelece que a educação é determinante para o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. E remete ao Estado o dever de efetivar o direito à educação mediante a garantia de acesso à Educação Infantil, ao Ensino Fundamental e ao Ensino Médio, gratuitos. Os resultados divulgados pela Unesco e o que se vê no cotidiano devem nos preocupar. A todos, governantes, sociedade e cidadãos. As metas ainda não alcançadas nos desafiam.
Artigo publicado no jornal Correio Popular - Campinas - 28/04/2015
EDUCAÇÃO - O Brasil aquém das metas
Reviewed by Edison Lins
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